A pandemia de Covid-19 evidenciou diversos problemas. Entre eles, a necessidade de um olhar mais cuidadoso para doenças relacionadas ao trabalho e consideradas “invisíveis”. Foram necessários 24 anos desde sua instituição, para que o Ministério da Saúde atualizasse a lista de doenças laborais.
Doenças causadas por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), estão no topo da listagem há anos. No entanto, com o aumento nas notificações no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, os casos de transtornos mentais, que surgem ou agravam devido ao trabalho, têm chamado a atenção.
A Síndrome de Burnout, por exemplo, é identificada quando há um conjunto de sintomas psicológicos e físicos associados. Evitar o Burnout não é fácil, pois depende muito da relação que a pessoa tem com o mundo do trabalho e com o que significa para cada um.
Por isso, promover a educação em saúde mental para os trabalhadores, bem como capacitar líderes e gestores para desenvolver ou aprimorar suas habilidades na comunicação de forma coletiva e individualizada, é essencial. Isso porque o conhecimento na temática pode auxiliar líderes e colegas a identificarem o sofrimento mental de algum integrante da equipe.
A cultura de segurança em saúde no trabalho deve ser adotada tanto pelos gestores quanto pelos trabalhadores, com ambos se responsabilizando para evitar que os riscos causem danos à saúde. Cabe lembrar que adotar um estilo de vida saudável colabora para o fortalecimento da saúde física e mental.
Um ambiente laboral seguro e saudável se caracteriza por instalações com conforto, maquinário adequado ao trabalho e que contemple relações interpessoais saudáveis, com trabalhadores capacitados e em constante aprimoramento.
Por isso, a efetiva fiscalização do poder público nos locais de trabalho é primordial para garantir que as leis sejam respeitadas. Existem amplos estudos baseados em evidências das melhores práticas para evitar doenças e acidentes nos locais de trabalho, mas sem o devido olhar fiscalizatório, trabalhadores e empresas ficam expostos.
Silvia Ferrazzo, professora do curso Técnico em Enfermagem e Técnico em Segurança do Trabalho da Escola Profissional Fundatec